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MUNDO BOTONISTA
Por Márcio Bariviera (23/08/2020)

A tréplica do Brizola

1989... ano de política. Eleições diretas no Brasil, finalmente. Fui posar na casa de um amigo, o Joce, já que no dia seguinte teríamos jogos escolares. Concentração, diriam os boleiros de hoje em dia.
 
Logicamente que antes de irmos dormir o futebol de botão correu solto. Até por que estava tudo combinado: jantar, jogar botão e depois, somente depois, descansar para os jogos escolares.
 
O Joce ainda não tinha o seu campo de botão. Os duelos eram no chão da sala mesmo, onde, cabe registrar, era muito gostoso de jogar. Entre o sofá e a estante da TV, o nosso estádio. No sofá, o seu Mário, pai dele, assistindo o debate do primeiro turno.
 
O seu Mário era brizolista até debaixo d’água. Defendia o Brizola como colorados defendem o D’Alessandro ou gremistas defendem o Renato. Enquanto ele tomava a sua cerveja e muitas vezes nem piscava, a gente jogava e tagarelava logo ali, abaixo dele.
 
“Toma!”, era sua expressão cada vez que Brizola respondia o Lula, o Collor, o Enéas e o Ulysses. “Canalha, sem vergonha” era a contrapartida quando alguém atacava o Brizola.
 
E a gente seguia jogando... Quando o Brizola estava sendo protagonista da pergunta ou da resposta, nem respirávamos. Silêncio total. Se saísse gol naquele momento, seria como Zico fazer gol contra o Flamengo e não comemorar. Entretanto, nossa mini balbúrdia era liberada nas outras vezes. Se Maluf e Afif ou Ronaldo Caiado e Mário Covas, seu xará, estivessem no mano a mano, barulho liberado. Brizola na área, respeito total.
 
Até que, lá pelas tantas, ele resolve pedir quanto estava o nosso jogo. Honestamente não lembro do placar, mas lembro da cena. Quando o Joce foi responder, imediatamente ele saltou do sofá, esticou o braço e disparou: “espera que vai ter a tréplica do Brizola”.
 
Seu Mário já nos deixou, infelizmente... Éramos crianças e jamais irei lembrar de qual foi a pergunta, a resposta e a réplica entre Brizola e, se não me engano, Maluf. O que lembro, entretanto, é que após a tréplica do Brizola, seu Mário sorriu todo contente e disparou: “esse cara é um gênio!”. Grande, seu Mário!         

O gaúcho de Rodeio Bonito, Marcio Bariviera é gerente administrativo do União Frederiquense, clube que disputa a Série A2 do Gauchão, além de assinar uma coluna semanal no jornal O Alto Uruguai, de Frederico Westphalen-RS. Rock e futebol de botão são duas paixões desde a infância (e se puder dar palhetadas ouvindo Led Zeppelin fica time completo).

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marcio_bariviera@mundobotonista.com.br
(055) 99988-6612

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Luke de Held, 57 anos, nascido em Londrina é botonista, guitarrista apaixonado por Rock n Roll, Blues e Beatles. Promotor de Justiça no Paraná, pai do Álamo, da Sofia e da Ana, marido da Vivi, filho da Dona Leonice e do Seu Lucilio. Este paranaense, aparixonado pelos esportes, praticou vários deles, sempre com excelente desempenho e muito foco: Faixa preta de Jiu-jitsu, foi medalhista de bronze no Mundial CBJJE 2009 e campeão Sul-Americano Master 2012 da modalidade. No atletismo sagrou-se tetracampeão paranaense, vice campeão Brasileiro, recordista juvenil e Jr. dos 400m rasos nos anos 80. Torcedor ferrenho do Londrina Esporte Clube, tem como meta ser campeão brasileiro de futebol de mesa, o esporte ao qual se dedica atualmente.
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