Painel  do Mundo

o blog do
MUNDO BOTONISTA

Por José Carlos Cavalheiro (22/09/2021)

Espelho, espelho  meu...  

Os pecados capitais são características negativas que,  em maior ou menor medida, algumas vezes vivenciamos, ou em nós mesmos ou no próximo. São inerentes aos seres humanos e nós, botonistas, não poderíamos deixar de tê-las. Gula, avareza, luxúria, ira, inveja e preguiça estão presentes em todos nós. Entretanto, se um pecado capital caracteriza a nossa classe, ele é a vaidade, que seria uma forma de autoestima exagerada.


O exemplo clássico da vaidade é o mito grego de Narciso, um jovem possuidor de uma beleza extrema. Narciso rechaçou o assédio de uma ninfa chamada Eco que, por se sentir humilhada, pediu à deusa da vingança que quando Narciso se apaixonasse, não conseguisse possuir a pessoa amada. Um dia, Narciso, com sede, foi beber em uma fonte e se apaixonou pela própria imagem refletida na água. Não sabendo que se tratava dele mesmo, morreu afogado tentando alcançar o que via. Na mitologia judaico-cristã, encontramos o caso do anjo caído que, por sua soberba, enfrentou Deus e foi expulso do Céu. Outro exemplo pode ser encontrado no conto infantil dos irmãos Grimm, Branca de Neve. A madrasta da personagem principal, dominada pela vaidade, foi levada, com ciúmes da beleza da jovem, à vingança.


Na psicanálise, o narcisismo é classificado como um transtorno obsessivo pela própria imagem. O narcisista sente a necessidade constante de ser admirado. Se ofende quando o valor que acredita ter não é reconhecido e, muitas vezes, reforça de maneira sutil, ou até mesmo direta, sua importância para o meio ao qual pertence. Muitos de nós botonistas temos, e aí me incluo, uma crença excessiva nas nossas habilidades e queremos ser reconhecidos por elas. Quando as coisas não saem como queremos isso gera frustração. Nossa reação é a de lançar palhetas, xingar, não reconhecer o valor daqueles que nos venceram, colocar a culpa pelas nossas derrotas na mesa, na bola, na iluminação, na honestidade do adversário, no barulho, mas, dificilmente, na nossa própria incompetência.


Todos nós, algumas vezes, caímos na armadilha preparada por nós mesmos, afinal, somos humanos e, portanto, falhos. Entretanto, nossa classe acerta mais do que erra na hora de controlar a frustração derivada da vaidade. Afinal, como todos sabemos, não se pode ganhar sempre.

Biblioteca de "É tudo Botão"
Reler publicações anteriores de José Carlos Cavalheiro

Formado em Agronomia pela Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, José Carlos Marques Cavalheiro, nasceu na capital carioca no ano de 1962. Foi atleta de futebol de mesa na modalidade Bola 12 Toques de 1998 a 2005, quando foi viver em diferentes lugares: São Paulo, Paris, Jundiaí e Bogotá, onde atualmente reside. É o responsável pelo site da FEFUMERJ desde dezembro de 2004. Atualmente exerce o cargo de Diretor de Comunicação da entidade.

....................................

cavalheiro@mundobotonista.com.br
fefumerj@fefumerj.com.br


Posts anteriores 
Por Ary Peter 25 abr., 2024
Botão com cordel
Por Giovanni Noblile 25 abr., 2024
Tá no filó
Por Julio Simi Neto 24 abr., 2024
Muito além das mesas
Por Marco D'Amore 21 abr., 2024
O rei está nu
Mostrar mais
Share by: