Painel do Mundo
Por Erismar Gomes (18/05/2025)
Por mais Benícios em nossas mesas

Olá, amigos. Provavelmente, vocês já ouviram, em algum momento de suas vidas, a música "Sonho de Ícaro", do cantor Biafra, uma canção muito tocada nas rádios nos anos 80. A canção é uma metáfora de uma história da mitologia grega - o sonho de voar, que representa a busca humana por liberdade, a ambição e os riscos inerentes à perseguição de sonhos. E o sonho de Botonista, qual seria? Quando eu era criança, por volta dos seis aos oito anos, entrei em contato com o jogo de botão. Encantei-me, como a maioria dos garotos da minha época, e com isso jogamos centenas de campeonatos, com irmãos, primos, vizinhos e amigos da escola. A grosso modo, pode-se dizer que esses grupos eram as "ligas" nas quais jogávamos. Mas quais eram os nossos sonhos? Eu diria que sonhávamos com mais times legais, sonhávamos em garimpar tampas de relógios maneiras, desejávamos jogar em mesas adequadas para o futebol de botão, já que, na maioria das vezes, jogávamos no chão, nos estrelões da vida ou mesmo traçando o campo com giz no piso de cerâmica de nossas casas. E por que estou relembrando isso?
Todo esse relato acima, meus amigos, veio como um filme na minha cabeça, em Porto Alegre, no quarto e último dia do 35º Brasileiro Individual da regra 12 toques, mais precisamente no momento em que vi o brilho nos olhos de Benício Bertolino Calantone, garoto de apenas sete anos de idade, natural de Suzano, município aqui da Grande São Paulo, subindo ao palco para receber sua medalha durante o protocolo de premiação do evento. Ver aquele olhar radiante nos olhinhos dele e aquela alegria estampada em seu rostinho, me fez pensar em como somos felizes e privilegiados por estarmos ali vivenciando todos aqueles momentos nos quatro dias do torneio.
Testemunhar este momento me fez comparar meus sonhos de garoto botonista que jamais imaginara um dia participar de uma competição nacional, com o grande momento que o pequeno Benício estava vivenciando e o seu semblante dizia tudo, entregava tudo, traduzia à perfeição aquele sentimento. Embora eu não seja parente dele - apenas o vi algumas vezes observando o seu talento - a cena me causou grande emoção. Foi um momento que durou bastante tempo na minha cabeça nos dias seguintes e me despertaram todas estas reflexões que compartilho aqui com vocês, meus amigos leitores.
Recobrando a "consciência", concluo que estava vivendo mais um sonho, um sonho de todos nós: o sonho da renovação do nosso esporte, o sonho de que, num futuro não muito distante, tenhamos não só a categoria Sub-18, mas também a volta da Sub-15 nos Campeonatos Brasileiros. Espero, sinceramente, estar vendo diante dos meus olhos mais um daqueles sonhos: a volta dos bons tempos de outrora, quando todo garoto jogava botão. E não, não é saudosismo. É esperança! Esperança de ter visto naquela criança um futuro para o nosso esporte. Os campeões que me perdoem, mas essa foto do Benício recebendo sua medalha é, para mim, a imagem do Campeonato Brasileiro POA 2025. Por mais Benicios em nossas mesas de todo o Brasil.
Biblioteca de "Doze Giros"
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O corretor de seguros Erismar Ferreira Gomes, é paulista, torcedor do Santos F.C. um apaixonado pelo futebol de mesa e no video-game. No botonismo tem um rastro indelével tanto no espectro da gestão (tendo sido diretor de departamentos em clubes importantes como Corinthians e Maria Zélia) e presidente da Federação Paulista; quanto na qualidade de atleta - onde ostenta inúmeros títulos, incluindo um bicampeonato Brasileiro por equipes e o título Brasileiro individual em 2005 (ambos na categoria másters). Erismar é uma testemunha privilegiada da história e evolução da regra 12 toques pois não apenas a viu nascer mas participou ativamente da sua história.
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