Painel do Mundo
Por Alysson Cardinali (19/05/2025)
Rodrigo Bandini: um bicampeão à la Romário

Um bicampeão de coração aberto. Autêntico. Sincero. Sem papas na língua ou preocupado em medir palavras. Um dia após conquistar seu segundo título da Copa do Brasil, dia 18 de maio, em Blumenau (SC), Rodrigo Bandini falou, com exclusividade, ao Mundo Botonista. O craque do Fluminense deu detalhes de sua campanha e da conquista histórica, da épica final contra o rubro-negro e rival frequente em decisões, Brayner Wertmuller, e, sem falsa modéstia, à la Romário, admitiu que é um baita jogador: “Se eu fosse o técnico da seleção do futebol de mesa, eu me convocaria”. De quebra, uma revelação bombástica: dificilmente estará presente no Campeonato Brasileiro de 2025, em outubro, em Porto Alegre. Com vocês, o ‘Baixinho Marrento’ do futebol de mesa carioca.
Qual a diferença desta conquista em relação à edição de 2019 da Copa do Brasil?
As duas têm muito valor. Nesse caso, não há diferença, mas semelhança. As duas foram muito emocionantes. A outra por ter sido a primeira, já que a primeira a gente nunca esquece. A de 2025 por ter sido conquistada em uma final com o Brayner, meu maior adversário na atualidade, com quem está sendo criada uma rivalidade sadia, nas mesas, já que, com frequência, estamos protagonizando grandes finais. Ganhar uma Copa do Brasil, em cima do Brayner, é muito gratificante. Então, não há diferença de sentimento. As duas conquistas foram muito marcantes.
Esperava repetir tal façanha? Qual o segredo para chegar ao bi da Copa do Brasil?
Sinceramente, esperava sim. Eu não poderia ter ido a Blumenau, por questões financeiras, mas falei para a minha esposa que eu ia porque estava muito confiante e tinha grandes chances de ser campeão. O segredo... Bem, o Nunes, ex-atleta do Botafogo, atualmente no Vasco, fala isso: o segredo é você fazer uma boa fase final. Na hora em que começa o ‘mata-mata’, é ali que a sua mão tem que encaixar, é ali que você tem que estar preparado. Por mais que você, às vezes, não vá bem na fase de classificação, quando chega a fase eliminatória é hora de vir a concentração, de a mão não tremer, do dadinho entrar. E, em Blumenau, ele entrou. Basta ver meus resultados (*). Na hora do ‘mata-mata’ eu joguei para caramba.

Campanha de Bandini:
22 jogos, 16 vitórias, 3 empates e 3 derrotas. 85 gols marcados e 39 sofridos
Como avalia sua campanha este ano?
Ela foi muito boa na primeira fase, quando ganhei cinco jogos e empatei o último, com o Tarouca (Vasco), por 4 a 4, mas não fiquei em primeiro lugar geral porque o Gil (Fluminense) ganhou todas, o Brayner (Flamengo) ganhou todas, assim como Fábio Batista (Avaí) e Gustavo Burgos (Dom Pedro II). Na segunda fase, eu ganhei quatro jogos e perdi dois, para o Mario Pacheco (Avaí), por 3 a 0, que depois, nas oitavas de final, derrotei por 6 a 2, e para o Tabajara (Cepe). Então, tive quatro vitórias e duas derrotas. No domingo, eu caí no ‘grupo da morte’, muito difícil, com Marcelo Mendes (Fluminense), Ronald Neri (Flamengo), Wellington (Flamengo), Gil (Fluminense), que era melhor campanha, Renato (Eldorado) e o Bruno (Fluminense). Eu classifiquei em terceiro lugar porque perdi para o Marcelo Mendes, empatei duas e ganhei três partidas. Mas quando começou o ‘mata-mata’ eu fui bem demais.
Essas derrotas foram muito doídas?
A gente sempre tira lições de qualquer derrota, mas elas te criam ‘casca’ para os momentos decisivos, para as finais. Você fica ligado nas coisas que errou, onde não pode vacilar... Minhas derrotas foram em jogos atípicos, que, na verdade, não aproveitei nada e cometi erros bobos. Foi simplesmente o dadinho não entrar, pois joguei bem demais nesses três jogos que perdi. O Marcelo Mendes, por exemplo, deu uma sorte danada, mas deixa isso prá lá (risos). No restante, o dadinho não entrou, batia na trave, no goleiro. Apenas vi que tinha que caprichar mais para o dadinho voltar a entrar. É aquele negócio: na hora em que o dadinho tiver que entrar, ele vai entrar. Foi isso que coloquei na minha cabeça.
Como define a final com o Brayner?
Bem, o empate era dele e se o Brayer fica na frente, segura muito o jogo, ‘catimba’ muito o jogo, ainda mais com a vantagem do empate sendo dele. Então, na minha cabeça, eu tinha que sair na frente de qualquer jeito. Aí, quando fiz o gol logo na saída, pensei, pronto, já consegui o meu objetivo. Só que ele empatou na saída dele também. Aí, pensei: não posso tomar o segundo gol, senão a coisa vai desandar. Eu errei minha saída, aí ele veio ao ataque e fez uma jogada errada, tabelou. Eu aproveitei o erro dele e, no contra-ataque, fiz 2 a 1. Aí me mantive na frente, calmo, e ele começou a errar muito. Ele sentiu muito o jogo, sentiu mais do que eu. Eu também estava nervoso, não vou mentir, mas ele sentiu mais o jogo do que eu. Aí, no segundo tempo, consegui fazer 3 a 1 e administrei até o final. Mas eu sabia que tinha que sair na frente porque o Brayner, quando fica na frente do placar, é muito difícil virar o jogo em cima dele.
Como avalia o nível desta edição da Copa do Brasil?
Foi um nível bem alto. Tirando o fato de o Victor Praça (America) e o Paulinho Quartarone (Fluminense) não terem ido a Blumenau, todas as outras feras estavam lá, né? Brayner, Ronald, Luiz Colla (Tupi), Wellington (Flamengo), Sarti (Fluminense), Tarouca (Vasco), Gil (Fluminense)... Tinha uma galera muito boa, então, o nível foi bem legal. Não foi o nível do Brasileiro de 2024, no Rio de Janeiro, que teve todo mundo junto, mas foi um campeonato bem difícil.
Como vê o domínio dos clubes cariocas na premiação da Série Ouro (cinco entre os oito no pódio)?
Achei que o domínio do Rio até foi pouco desta vez. Cinco de oito foi pouco. Na grande maioria, temos sete ou até os oito atletas do Rio. Quem está sempre ali se metendo no meio é o Luiz Colla (Tupi), mas três atletas do Rio fora do pódio é uma surpresa.
Já pensa no tri da Copa do Brasil em 2026?
Sim, já penso sim. Tomara que Deus permita e eu esteja em condições de poder viajar para Teresina, no Piauí. Muita vontade de ir e faturar o tri, sim, com certeza.
E este ano, o que anda falta conquistar?
Se depender de mim, quero conquistar tudo. Ganhei o Rio-São Paulo, a Copa do Brasil e se pudesse ganhar o Brasileiro seria a tríplice coroa (risos). O Estadual também, quero ganhar tudo. Meu pensamento é sempre de vencer. Mas, falando hoje, dificilmente eu vou participar do Brasileiro. Vou casar mês que vem e tem muito gasto, então não sei se irei a Porto Alegre. Já quase não fui à Copa do Brasil... O Brasileiro está difícil de eu ir. Vamos ver. Se mudar alguma coisa, tem que mudar muito. Hoje são 90% de chances de eu não ir ao Brasileiro.
Para encerrar, como você define o seu jogo?
Sou um jogador muito tático, muito técnico, tenho a preferência de atacar pelo lado direito, mas não tenho preferência de chute. Gosto de chutar do meu lado direito, mas não tenho preferência de canto. Além disso, para mim é indiferente chutar de perto ou de longe. Muitas pessoas, na narração dos jogos, dizem que eu prefiro chutar de perto, mas, se você reparar, a maioria dos meus gols é de longe. O meu jogo é esse, procuro jogar taticamente, marcar bem, só que jogando para a frente. Não catimbo o jogo, não faço cera.
E como se define como jogador?
Me acho um baita jogador (risos). Me acho muito bom. Dentro desse esporte realmente me acho um baita jogador. Sei das minhas qualidades e também sei dos meus defeitos. Mas me acho muito técnico e taticamente sou muito bom jogador. Se eu fosse o técnico da seleção do futebol, de mesa, eu me convocaria (risos)
Biblioteca de "Planeta Dadinho"
Reler publicações anteriores de Alysson Cardinali
Nascido em Nova Friburgo (RJ) em 1971, mas morando há mais de 30 anos na cidade do Rio de Janeiro, o jornalista esportivo Alysson Cardinali, com passagens pelos jornais O Fluminense, Jornal dos Sports, O Dia e Expresso (Infoglobo), revistas Placar e Invicto, além do canal SporTV, é um apaixonado não só pela profissão, mas pelo futebol de botão. Praticante da modalidade dadinho, Alysson é atleta federado, pelo São Cristóvão Futebol e Regatas, na Federação de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro (Fefumerj) e, além de disputar as competições oficiais pelo Brasil, pretende divulgar o esporte e angariar cada vez mais praticantes para perpetuar o futebol de botão entre as futuras gerações.
....................................
cardinali@mundobotonista.com.br