Longe das mesas. Frio na alma.

São 3h da manhã. Sem por que, desperto. Descubro que São Paulo consegue dormir. O silêncio impera. E o frio domina o ambiente. Do clima à mente. 

Ouvindo a playlist do Mundo Botonista ♫, começo a recortar os adesivos que vão compor um capacete que irei utilizar nos próximos dias no trabalho. Todos eles trazem referência ao futebol de mesa.

Percebo que desejo participar ainda mais desse desporto, que já foi brincadeira para mim. Já que aqui na Paulicéia tenho, tal qual a maioria, tido pouco tempo para a prática, busco ler, assistir ou "adesivar" capacete, notebook e, ainda mais, a alma com o futmesa.

Penso o quanto a vida insiste em nos afastar das coisas que amamos. Longe das mesas, da família, do time que amo. Então, de vez em quando, abrimos os olhos numa madrugada muda, a maquinar como conseguir driblar o destino e mergulhar mais vezes nesse mundo do Botonista que só poucos entenderão. Ainda não consegui o drible de deixar estatelado no chão o meu marcador implacável. Mas sigo jogando e tentando, tal qual um atleta que não desiste do que almeja.

Fico lembrando e relembrando movimentos com a palheta translúcida sobre os botões corais. Da sala que ajudei a montar. Dos embates com bons rivais. Das risadas e aprendizados cercados por mesas, no piso rubro.

E fico feliz com a felicidade dos demais colegas que conseguem equilibrar, da sua sala de controle mental, a vida e todas as suas nuances e o jogo com toda a sua beleza. Feliz por perceber que alguns clubes incentivam as crianças, dentro e fora de suas salas.

 O "Pequeno fenômeno" Dora Marcowich Rocha, campeã Brasileira da Copa do Brasil 1 toque (cavado) aos 9 anos

Feliz pelo belo trabalho do Rio Grande do Sul, dentro e fora das mesas. Feliz pela conquista da sensacional Dora Marcowich Rocha que, com apenas nove anos, já escreveu o seu nome na história do desporto, sagrando-se campeã da Copa do Brasil de 1t cavado.

No final, o que me resta é essa feliz admiração pelos colegas botonistas. E isso será o combustível para aplacar a saudade. De casa. Do Arruda. Das mesas.

Sergio Travassos é diretor do Santa Cruz F.C. há doze anos, jornalista com outras duas formações, Educação Física e Marketing, que atua há muito tempo em prol do desporto pernambucano. Tendo passagens pela Federação Pernambucana e CBFM. Sendo uma das figuras que mais defende o jogo de futebol de mesa, independente da regra de atuação, bem como que as competições sejam feitas em locais públicos, visando atrair mais visibilidade para o futmesa.

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