Os últimos 15 dias me proporcionaram inesperadas experiências que forçaram reflexões profundas sobre duas valências que frequentemente nos visitam na vida, ora ajudando, ora criando impedimentos. Refiro-me ao medo e à coragem.

Há 15 dias, fui surpreendido com uma inflamação na vesícula que exigiu procedimento cirúrgico imediato. Ao ser encaminhado à sala de cirurgia, no momento em que me despedi da minha esposa e o teto do hospital passava rapidamente sob o barulho das rodas da maca, os rostos dos meus filhos, da minha esposa e da minha mãe povoaram meus pensamentos. O medo me assaltava e impunha à minha mente perguntas como: "E se houver algum imprevisto? E se eu não voltar da anestesia? E se o pós-operatório complicar?". Estava ali o medo, induzindo a projeção de cenários indesejáveis. Graças a Deus, tudo correu bem.

Eis que, 15 dias depois, meu filho Álamo, de 10 anos, também botonista, é acometido de uma crise aguda de apendicite. Diagnóstico, internação e cirurgia em menos de 24 horas. Vi nos olhos e nas expressões dele os mesmos temores que vivi 15 dias atrás. Ele me perguntou: "Pai, corro risco de vida? E se eu não acordar? Vou ficar bom?". Perguntei-lhe se estava com medo, e ele disse que sim. Disse a ele que sentir medo diante de desafios ou adversidades é normal.

O medo nos acompanha desde a infância. Temos medo do escuro, medo da dor, medo da solidão, medo da repreensão dos pais, medo de falharmos, medo de errarmos, medo de perder o ente querido, medo de morrermos. Isso nos torna covardes ou desonrados? Não. O medo pode ser um valoroso aliado quando nos torna cuidadosos, quando nos coloca em condição de alerta, quando, diante do perigo, nos mantém vivos.

Aí meu filho me perguntou: "E a coragem, pai? É corajoso quem não sente medo?". Disse a ele: "Não, filho. Coragem não é a ausência de medo; mesmo os homens mais corajosos sentem medo em situações extremas. Corajoso, meu filho, é aquele que consegue dominar o medo e que, diante da adversidade, a enfrenta com um sorriso no rosto. Essa é uma máxima universal."

Meu filho balançou a cabeça em sinal de aprovação e, quando a maca o levou à cirurgia, mesmo com os olhos marejados, sorriu e me disse: "Já volto, pai." Enquanto escrevo, ele está aqui ao meu lado, já convalescendo do procedimento cirúrgico que o curou da apendicite.

Quis eu ensiná-lo sobre coragem e, no final, foi ele quem me ensinou. Te amo, filho. Deus é bom.