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MUNDO BOTONISTA

Por Flávio Semim (09/11/2025)

O notável Antônio Olino

Olá, amigos leitores do Mundo Botonista!

Inicialmente agradeço a todos que acompanharam esta coluna em seu primeiro ano, da qual sinto-me honrado em ter tido a oportunidade de escrever. Sendo esta a minha última publicação em 2025, desejo a todos um ótimo final de ano! Voltaremos em 2026 com mais Notáveis Biografias!

Um dos temas recorrentes dentro dos grupos botonistas é a diferença vivida entre os clubes formadores e os chamados “grandes”. Hoje vamos conhecer a incrível história de um guerreiro apaixonado pelo futebol de mesa em sua brava luta para manter firmes as muralhas do amado clube que ajudou a fundar na periferia da capital paulista. Com vocês, o notável Antônio Olino!

Entre botões e sonhos: a trajetória de Olino

Antônio Francisco Olino nasceu em São Paulo, em 15 de dezembro de 1953, em uma família de sete irmãos. A infância foi marcada pela perda precoce do pai, quando ele tinha apenas seis anos, e pelas responsabilidades que os irmãos mais velhos precisaram assumir também desde cedo para sustentar a casa. Entre pipas, carrinhos de rolimã e partidas de futebol, o pequeno Olino descobriu o brinquedo que mudaria sua vida: o futebol de botão. Como era comum às crianças da época, transformava a mesa de casa em campo e narrava as próprias partidas. O tempo passou, o trabalho e as responsabilidades da vida vieram, mas o fascínio pelos botões nunca se apagou.

Ainda na juventude, Olino e o irmão mais velho compraram um campo da lendária Brianese, referência dos anos 1970. Mandavam pintar times personalizados, jogavam aos fins de semana, criavam coleções. Chegou a ter mais de 700 times, guardados com carinho — até que a umidade da casa, próxima à Represa de Guarapiranga, destruiu quase todos. “Viraram pó”, lembra. Mas a paixão resistiu.

Com o tempo, descobriu o acrílico, conversou com mestres artesãos como Ivan Ribeiro e mergulhou novamente no universo dos botões. Tornou-se um colecionador respeitado, dono de cerca de mil botões feitos artesanalmente, uma preciosidade no meio. Nos anos 1990, sua filha, que estudava na Avenida Paulista, levou para casa um jornal que anunciava torneios de futebol de mesa no Grêmio Butantã. Foi o reencontro! Olino tocou a campainha do clube e nunca mais parou novamente. Jogava toda sexta-feira, aprendia com os federados e apanhava “de 9 a 0, 10 a 0” com um sorriso no rosto. A dedicação o levou, em 2013, ao campeonato do Museu do Futebol, no Pacaembu, onde foi campeão e convidado a integrar o tradicional Nacional, dando início à fase federada de sua carreira.

Logo vieram os campeonatos brasileiros: Curitiba, Rio de Janeiro, Caruaru… e, com eles, as amizades, as histórias e um troféu inesquecível como campeão da “Copa Rio” no Brasileiro de 2015, no Rio de Janeiro. “Foi êxtase”, define. As viagens se tornaram celebrações da amizade e da paixão pelo jogo.

O orguhoso TMJ

Aposentado após 43 anos na indústria farmacêutica e formado em Economia com MBA em Marketing, Olino decidiu investir o tempo no que mais amava: o futebol de mesa. Ao lado de amigos como Laércio Rodrigues, Cafu, Pulga, Dile, Marcelo Leite e Alcântara, fundou em 2016 o TMJ, um clube no bairro de Pirituba, nos limites das zonas norte e oeste paulistas, nascido com a missão de formar novos botonistas e abrir portas para quem sonhava competir.

Sem patrocínio, pagando aluguel, desmontando e montando mesas em um espaço compartilhado com outros grupos do local, o TMJ sobreviveu (e vive) na raça. O trabalho é árduo, conta: “Não é só chegar e jogar, é comprar mesa, bola, papel higiênico, tudo, mas muito mais que isso, é buscar todos os dias formas de desenvolver o esporte e novos botonistas”, conta rindo, mas com o semblante exibindo a seriedade que o tema requer. Mas é ali que o esforço vira orgulho: em 2023, o jovem Léo, filho do Dile, foi campeão brasileiro sub-18, levando o nome do TMJ ao pódio nacional. O clube tem se orgulhado também, desde 2024, dos resultados e representatividade obtidos pelo jovem Gabriel, o Gabi, no circuito. Quando Léo foi convidado a jogar pelo Palmeiras, Olino não sentiu perda, mas vitória. “O TMJ está cumprindo sua missão. Criar condições para o talento florescer. Esse é o legado.”

Raiz, luta e legado

Hoje, aos 71 anos, presidente do TMJ e morador da zona sul paulistana, o clube mantém cerca de 20 atletas entre masters e aspirantes. Ele sabe o tamanho do desafio: os grandes clubes têm estrutura e vitrine; os pequenos, paixão e resistência. “Para manter um clube formador vivo, é preciso amor e dedicação. Se não, acaba.”

Mesmo assim, continua sonhando. “Este ano, iniciamos, em parceria com o professor Pig, uma nova unidade em Osasco para ensinar nosso esporte para crianças, usando inicialmente botões do tipo tampa, mais simples e inclusivos, para depois levá-los ao acrílico. É uma semente que está sendo plantada”, diz.

Entre coleções, amigos e lembranças, Olino guarda a fé no futuro do futebol de mesa: “O esporte ensina ética, paciência e respeito. Deveria estar nas escolas. É o único esporte em que o neto pode jogar com o avô de forma competitiva.” “Está valendo”, e sempre estará.

Antônio Olino é, antes de tudo, um batalhador movido pela paixão. Transformou o jogo em propósito, o propósito em clube, e o clube em legado. Para Olino, enquanto houver uma mesa montada e uma bolinha rolando, o TMJ continuará refletindo a alma de quem acredita que o futebol de mesa é uma forma de viver e ensinar valores para as próximas gerações.

Contato
Instagram: @olinoantonio

Apaixonado pelo futebol de botão desde criança, Flávio Semim é paulista, nasceu em 1972, corinthiano de coração, ajudou a fundar o Metropolitano Paulista e hoje defende as cores da S.A.V. Maria Zélia de FutMesa. Fora das mesas, curte explorar as estradas sobre sua Harley Davidson, e é profissional da área de tecnologia formado pela Univ. Paulista e MBA em Marketing de Serviços. Mas seu maior orgulho na vida é ser pai da Rebeca, uma adolescente para lá de inteligente e promissora.

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semim@mundobotonista.com.br
(11) 98149-1601

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