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Por Daniel Matos (23/08/2021)

O futebol de mesa dos reis.  


William Shakespeare nasceu em Stratford-upon-Avon, em 1564, a cerca de 175 milhas de distância de Royal Tunbridge Wells, cidade onde foi criado o Subbuteo. Os mais apressados poderiam até me perguntar: será que o famoso bardo, por ter morado relativamente perto, pode ter jogado futebol de mesa? E a resposta, obviamente, é não. Não há evidência alguma, infelizmente, de que ele tenha jogado futebol de mesa. E nem futebol, diga-se de passagem, embora o “mob football” fosse um esporte que gozava de grande apoio popular.


Na época de Shakespeare, o futebol não era exatamente um esporte bem visto pela nobreza inglesa. Outros esportes, tipo o tênis ou a falcoaria, eram considerados esportes mais dignos pela aristocracia. Aliás, em uma de suas peças mais célebres, Rei Lear, de 1606, faz-se uma referência negativa ao futebol. No primeiro ato, Kent chama Oswald de jogador de futebol desprezível antes de aplicar-lhe uma rasteira. Bem antes de Shakespeare, diversos reis, incluindo James I da Escócia e Eduardo II, tentaram banir o futebol da Inglaterra, por sua violência.


A obra de Shakespeare inclui 38 peças, 154 sonetos e 2 poemas, além de diversas frases memoráveis que ainda são amplamente citadas no Século XXI. Numa célebre passagem de “Romeu e Julieta”, o bardo escreve: “O que é que há, pois, num nome? Aquilo a que chamamos rosa, mesmo com outro nome, cheiraria igualmente bem.” Ou seja, o valor de algo é intrínseco a ele e não depende de rótulos para se dizer que é ruim ou bom.


Uma das perguntas que ouço com mais frequência quando tento falar sobre o Subbuteo é a curiosidade sobre como o nome surgiu. Afinal de contas, todas as demais modalidades oficiais de futebol de mesa têm alguma referência a alguma de suas particularidades. E o Subbuteo, não. Afinal, o que há pois no nome Subbuteo?


Sabemos que Peter Adolph era ávido ornitólogo. Na ocasião da tentativa de registrar o jogo que tinha acabado de criar, Adolph recebeu uma negativa do escritório inglês de patentes. O nome que ele queria utilizar (The Hobby) foi considerado genérico demais e foi prontamente negado pelos burocratas londrinos. Inspirado na realeza medieval, ele pegou o nome científico da ógea, uma ave de rapina européia conhecida em inglês como Hobby Eurasiano. Seu nome científico? Falco subbuteo. Pronto, nascia ali o nome do produto. E durante muito tempo, a logomarca da empresa era a cabeça de uma ógea sobre uma bola de futebol.

Metaforicamente, quando a Estrela trouxe o Subbuteo para o Brasil, no final da década de 1970, ela empregou algo relacionado à realeza para nomear a versão brasileira do jogo. Optou por empregar o nome do atleta do século XX e o único Rei do Futebol, Pelé, para batizar o produto: Pelebol. Mas, então, afinal de contas, o que há no nome? Velocidade de raciocínio, destreza, preparo físico, estratégia e, por fim, nobreza. Um forte abraço e até a próxima!


Biblioteca de "Subbuteo Planet"
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Daniel Matos nascido e criado na capital federal é médico cirurgião nas horas vagas e jogador de Subbuteo no resto do tempo. Atuou durante muito tempo por sua equipe do coração, Vasco da Gama, pela qual pode ganhar diversos títulos nacionais e Internacionais. Já teve o privilégio de defender o Brasil em campos nacionais e internacionais. E no tempo que sobra, é diretor técnico da CBFM para a modalidade além de vice-presidente da FISTF (Federação que dirige o Subbuteo) para a América do Sul.

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danimatos@mundobotonista.com.br


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