Painel do Mundo

o blog do
MUNDO BOTONISTA

Por Ary Peter (30/05/2025)

Sempre viverei essa interminável dor

Sucede, para minha tristeza eterna

Às medonhas derrotas, noite e dia

No calor nordestinense ou frio sulista

São tantos vexames, torrentes de decepção

Muda-se a sorte de todos

Só a minha sorte não?

 

Os zagueiros que furam o bloqueio

Os atacantes adversários viçosos

Meu eterno desempenho pavoroso

Perco até para assombração

Muda-se a sorte dos povos

Só a minha sorte não?

 

Aos craques, vitórias sorriem

Armando jogadas com desembaraço

Rompem minha linha defensiva com seus traços

Fogem da fácil marcação

Muda-se a sorte dos outros times

Só a minha sorte não?

 

Nenhum dos oponentes tem pena

Alegria total em seus rostos

Duras goleadas, prá mim um desgosto

Depois do desgosto a aflição

Muda-se a sorte de muitos perebas

Só a minha sorte não?

 

Rogo aos deuses

A todos os generais de paz e guerra

Ouço que não nesta terra

Eles possam fazer um milagre dessa dimensão

Muda-se a sorte dos exércitos

Só a minha sorte não?

 

AH! As vitórias, como eu queria

Mas o destino pra só tem inclemência

E, as vezes, até por inocência

Sonho que estou com a taça na mão

Muda-se a sorte de todos os botonistas

Só a minha sorte que não?

 

Me falaram sobre talento

Pra treinar mais, como quem glosa

Não posso ter tamanha incapacidade, que tormento

Só a derrota me acompanha, essa sebosa

Eu só lamento

Vivo nessa eterna aflição

OH! Deuses do futebol de mesa

Todos meus suspiros serão em vão?

 

Quando jogares contra Ary

Tenhas piedade, seja brando

Sei que pensarás, eis três pontos aqui

Ganharei dele sem espanto

Eu só lamento

Tenebrosa frustração

Só o vexame me acompanha

Todos os meus ai´s serão em vão?

 

Os campeonatos se sucedem

Me iludo e faço mais uma inscrição

Os familiares pedem

Que eu evite mais essa humilhação

Eu só lamento

Continuar a ser o pior da nação

A vergonha está sempre na minha maleta

Todos os meus sonhos serão em vão?

 

As vezes faço um gol

É raro, mas acontece

Ter anotado um tento em prol

Mas logo logo o ímpeto desvanece

Eu só lamento

Ser goleado com tamanha repetição

Ser colocado no fundo abissal da tabela

Todos meus gols são em vão?

 

Vejo os vencedores

Sobem ao podium radiantes

São, por óbvio, merecedores

Jogam fácil, vislumbro seus semblantes

Quem manda eu ser o pior dos perdedores?

Desse “mar” do futebol de mesa jamais serei bom navegante

É desanimador

Eu sempre sofro

Vivo essa eterna dor

 

Conheço uns que perdem e ganham

Aqui e acolá tem seus sucessos

Mas sou da turma dos sempre apanham

E ainda estou piorando, retrocessos

Adversários, se contenham

Não precisam vir possessos

É desestimulador

A derrota é certa, inconteste

Vivo essa perene dor

 

Eu não mais alcanço

O panteão dos grandes nomes

Em todos esses anos nenhum avanço

O curso de ruindade fiz em todas as Sorbones

As BET´s já sabem e eu afianço

Ary é ruim e as derrotas são meus sobrenomes

Tragam logo o desfibrilador

Mais uma derrota acachapante

Vivo essa elétrica dor

 

E vou chegando ao fim

Dessa coluna desabafo

Contei tin tin por tin tin

Usando de João Gilberto o compasso

No nosso esporte não sei o que vai ser de mim

O anti professor, um mafagafo

Requiem aeternam Ary, de camarão o comedor

Sempre delirante, contudo, incontestável

Vivi, vivo e sempre viverei essa interminável dor 

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Formado em administração de empresas, também mestre e doutor em administração, Ary Peter nasceu na capital pernambucana em 13/06/1970, em plena campanha do tricampeonato mundial do Brasil no México. Joga as modalidades de Dadinho (a preferida entre as regras federadas), 12 toques e 1 toque, além de vidrilha e leva leva. Mora hoje em Natal onde joga pela Magic Academia de Futebol de Mesa. Está escrevendo um livro sobre Futebol de mesa / botão a partir da ótica do botonista..

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arypeter@mundobotonista.com.br


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