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MUNDO BOTONISTA

Por Tião Barbosa (19/03/2023)

O último suspiro de uma Pampa.

Por menor preço, lá fui eu transportar duas mesas Olliver numa manhã de sol, pegando uma em Jardim da Penha e outra em Jardim Camburi, bairros de Vitória, e as levando para Morada de Laranjeiras, na Serra, Espírito Santo, num trecho de 44 km ida e volta.


Imagine uma Pampa 1984, já sem pintura e com remendos de lataria por todos os cantos. A ligação é direta: sem chave, ligando num botão abaixo do volante. E, creia, o tanque de gasolina é um galão plástico de cinco litros, que fica dentro do espaço do motor. Sem contar que a porta do carona não abre: só quando o motorista levanta o para-lama paa liberá-la.


Só não imaginei que a jornada seria tão “excitante”, quase como naquela situação inusitada do último chute da partida: soou o sinal, jogo empatado, e você precisa fazer o gol naquele exato lance para ser o campeão, beneficiado por ter pedido pro gol segundos antes da sineta.


A minha epopeia até começou bem, com um motorista simpático. Pegamos a primeira mesa na casa de Anderson Spider sniper (talentoso em chutes com régua, que usa na modalidade 12 toques pelo seu histórico longo de botonista da regra um toque).


Na ida para o local da segunda mesa, 7 km depois -- minha sala comercial, num prédio de Jardim Camburi, o carro pifou. “Esqueci de colocar gasolina”, disse o motorista. Quase não acreditei. O motorista saltou, levantou a tampa do capô e aí tive três notícias: a “boa”, a ruim e a péssima. A boa é que tinha gasolina. A ruim é que o tanque tinha capacidade para apenas 5 litros. A péssima é que o tanque era um galão plástico que ficava dentro do motor, numa gambiarra inacreditável.


Ele mexeu na mangueira que saía do galão plástico e o carro pegou de novo. Comecei então a rezar pelo santo protetor dos botonistas, São Geraldo Cardoso Decourt. Pegamos a segunda mesa e seguimos poucos quilômetros. O cano de descarga caiu e passou a bater no asfalto. Ele parou, pegou um pano e, calmamente, recolocou o cano no local do encaixe – e isto ocorreria mais 5 vezes depois no trajeto.


Em meio a sustos seguidos, com a fumaça do escapamento entrando dentro da cabine por algum dos muitos buracos da lataria, chegamos em Morada de Laranjeiras, casa de Márcio, o Demolidor. Deixamos a mesa e aí respirei aliviado. A volta já foi sem sustos, e tudo que acontecia, com as paradas para reencaixe do cano de descarga, nem me assustavam mais. A partir daquele momento, se a Pampa quebrasse, eu recorreria ao Uber. Mas tudo deu certo.


E você, amigo botonista, já passou por alguma situação inusitada em nome do seu amor pelo futebol de mesa? Se a sua resposta for afirmativa, compartilhe conosco narrando sua história logo abaixo nos comentários. Histórias como essa são deliciosas e, cá entre nós, duram para sempre na nossa memória, não é mesmo? Um grande abraço a todos. Nos falamos novamente em 4 semanas nas próximas Crônicas da Palheta. Até lá.

Tião Barbosa é jornalista, com passagens pela Folha de São Paulo, Diário do Grande ABC e jornais A Gazeta e A Tribuna, ambos do Espírito Santo, onde mora. Botonista, integra a Futebol de Mesa Independente (modalidade 12 toques), de Vitória-ES. O cronista integra o time de colunistas do Portal Mundo Botonista e a partir de 2023 contribui como revisor textual das publicações da plataforma.

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tiao_barbosa@mundobotonista.com.br
(027) 99279-2293

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