Painel do Mundo
Por: Jonnilson Passos em 06/08/2025
Botões, ideias e gols: A criatividade em jogo na cultura maker e no futebol de botão

Inicio agora adjetivando-os, como "criativos", pois, dessa maneira, refletiremos sobre as diversas nuances que nos cercam na hora de decidirmos sobre aspectos que vão, sobretudo, ajudar a melhorar nossa jogabilidade em busca de excelentes resultados.
É notória a popularização dos equipamentos que usamos em nosso esporte, desde tipos de bolas, modelos de mesas, materiais das palhetas, estilos e modelos de botões, inúmeros graus, tamanhos que variam dentro do limite da regra, é claro. O texto que provoca essa reflexão trata justamente de dar autonomia nestas escolhas e ampliar as formas de aprender por meio do fazer.
No Campeonato Brasileiro realizado em Porto Alegre, tivemos duas belas surpresas. A primeira, já esperada, foi a presença das bolas PRP Classika, homologada pela CBFM, o que de fato se tornou algo já adaptável ao jogo moderno, mas, em primeiríssimo lugar, o destaque principal, a meu ver, foram as mesas fabricadas pelos geniais organizadores do evento, mesmo em meio à tragédia climática de 2024. Menção honrosa ao amigo CB do Internacional e aos demais botonistas gaúchos pela resiliência e criatividade.
Portanto, nota-se que mudar, e se possível, para melhor, já é uma tendência constante em nosso esporte. Aqui no meu estado do Maranhão, o caçula entre os praticantes desse jogo, isso virou palavra de ordem. A busca por graus mais altos para aproximar os chutes, a manutenção de um leque de possibilidades, a conversa com artesãos do Brasil inteiro… tudo isso pulsa fortemente por aqui. Eu mesmo iniciei com botões de grau baixo, feitos pelo saudoso Ferdinand Gutman, e chamava minha linha de “graus variantes”: atacava com 20 até 22. Hoje uso entre 22 e 24 — mas sem perder o manejo e a pontaria que aprendi com o grau 20.
Mas vamos ao texto provocador, intitulado "Futebol de Botão e Cultura
Maker: Possibilidades de Diálogos e Aprendizagens", escrito por Cauê dos Santos Agostini e Osmar Moreira Souza Júnior, da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), e apresentado no VI Congresso Latino-Americano de Estudos Socioculturais do Esporte, promovido pela ALESDE (Associação Latino-Americana de Estudos Socioculturais do Esporte). O trabalho integra o Eixo Temático 1: Esporte e Educação, e mostra como o futebol de botão pode se tornar um meio potente de ensino, criação e pesquisa nas escolas brasileiras.
Antes da Copa do Mundo FIFA de 2018, uma escola privada do interior de São Paulo deu o pontapé inicial em um projeto que transformou o futebol em tema gerador de aprendizagem. Inspirados pela cultura
maker — movimento do “faça você mesmo” —, os professores e alunos arregaçaram as mangas. Entre eles, estavam as professoras de Artes e Ciências, responsáveis também pelas aulas de disciplina
maker, que lideraram com maestria a ação pedagógica.
Em campo, ou melhor, na sala de aula, os alunos do sétimo ano construíram seus próprios times de botão, nomearam jogadores, desenharam escudos, criaram mascotes e imprimiram botões em impressora 3D. Tudo isso num processo interdisciplinar que envolveu arte, ciência, matemática, história, tecnologia e, claro, muita imaginação.
Contudo, ao jogar botão, eles refletiram sobre o jogo como prática popular, cultural e educativa. Com base na pedagogia de projetos, o aluno deixou de ser espectador e virou protagonista. O professor tornou-se pesquisador, mediador de um saber construído na coletividade, no raciocínio, na autonomia.
O futebol de botão, aquele jogado com palhetas e sonhos sobre mesas improvisadas, ganhou
status de ferramenta pedagógica e que ferramenta! Afinal, quando o jogo promove a criação, o pensamento crítico e a colaboração, ele transcende o brinquedo: vira experiência de mundo.
Por tudo isso, seguimos acreditando, botão não é só nostalgia, é também educação, ciência, cultura e, sobretudo, é futuro.
VIVA O BOTÃO, VIVA A CRIATIVIDADE E VIVA O FUTURO!
Biblioteca de "Botão com Ciência"
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Jonnilson Nogueira dos Passos, um apaixonado pelo Futebol de Botão e um talentoso Mestrando em Educação pela UFMA é também, contador, gestor público, professor, e tutor em EaD destacando-se na formação de tutores e formadores de diversas disciplinas a distância. O comprometimento do maranhense com o esporte vai além das competições; ele acredita no potencial do Futebol de Botão como objeto de estudo e pesquisa, com ênfase em sua história, impacto cultural e aspectos técnicos. No portal Mundo Botonista, o educador aceitou o desafio de explorar as fascinantes relações entre o Futebol de Botão e as Pesquisas Científicas no Brasil assinando a coluna Botão com ciência.
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jonnilson@mundobotonista.com.br