Painel do Mundo

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MUNDO BOTONISTA
Por Márcio Bariviera (01/11/2020)

O implante.

Aí veio o Leonardo, dentista e meu compadre, com o diagnóstico: “Vai precisar fazer um implante”. Meu mundo caiu, diria Maysa. Sabe quando você tenta manter a maior naturalidade por fora, mas por dentro soa o alarme de incêndio e o maior desejo neste momento é sair correndo para se salvar?
 
Ficamos cerca de três meses monitorando o dente para ver se era possível salvá-lo. E quando digo “ficamos” é por que enquanto ele limpava, utilizava resina, realizava raspagem e por aí vai, eu torcia, rezava, acreditava e por detalhes não comecei a ler algum livro de autoajuda. Era a parte que eu poderia fazer para colaborar no processo todo.
 
E então ele foi explicando a técnica, dizendo que era um procedimento simples, que não precisaria me preocupar. Amenizou 2%. O problema foi em seguida, quando ele comparou o processo como um prego sendo fixado na parede, que fura ela, coloca a bucha e manda o prego na sequência para que fique eternamente firme, colado no osso. E lá se foram os 2% até então amenizados.
 
Isso me fez lembrar de meu medo de dentista, adquirido ainda na infância graças ao Dr. Getúlio, que Deus o tenha. Ele precisou aplicar três vezes a anestesia para realizar uma obturação. E na época ele também falou que o procedimento seria simples. O fato é que ele criou um monstro dentro de mim, o qual até hoje me acompanha quando preciso ir ao dentista. E, tanto tempo depois, ter ouvido de meu compadre sobre o implante poderia estar acordando o monstro que hibernava tranquilo.
 
E fizemos o implante. Tudo certo, realmente muito simples. Um pouco de desconforto, mas nada fora do planejado. O único “entretanto” foi precisar ficar um dia quieto, sem poder falar muito, pois quanto mais mexesse ali, mais o desconforto poderia aumentar. Então, um dia de atestado.
 
E como em tudo a gente sempre acha o lado positivo, tirei o dia para jogar botão. Sozinho em casa e sem poder falar, fui dar uma relaxada. A parte ruim era de não conseguir narrar as partidas, já que, quando jogo sozinho, às vezes me arrisco de Silvio Luiz.
 
Criei a Taça do Implante, com jogos eliminatórios. Escolhi esse nome para eternizar o momento e lembrar que sempre temos coisas boas para extrair do nosso cotidiano, mesmo em situações de adversidade. Busquei a imagem de um dente no Google e fiz a impressão em um papel estilo cartolina. Sim, esse seria o troféu para o campeão.
 
O campeão do torneio acabou sendo o Corinthians, time que teve um doutor, o Sócrates, embora ele não tenha sido dentista. Quanto ao meu procedimento, tudo ficou dentro da normalidade. Isso me fez considerar que a obturação da infância foi um pequeno erro do Dr. Getúlio. Melhor assim. Meu monstro continua hibernando.

O gaúcho de Rodeio Bonito, Marcio Bariviera é gerente administrativo do União Frederiquense, clube que disputa a Série A2 do Gauchão, além de assinar uma coluna semanal no jornal O Alto Uruguai, de Frederico Westphalen-RS. Rock e futebol de botão são duas paixões desde a infância (e se puder dar palhetadas ouvindo Led Zeppelin fica time completo).

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marcio_bariviera@mundobotonista.com.br
(055) 99988-6612

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