Painel do Mundo
Por José Jorge Farah (20/10/2025)
Tocando em frente

Olá, meus amigos! Pensei muito sobre o que escrever nesta última crônica do ano. Mil ideias vieram à mente; li diversos textos sobre o futebol de mesa nos meus arquivos, pois tenho uma infinidade deles. O que dizer aos meus leitores sobre o esporte que tanto amamos? Sim, amamos, pois, conhecendo tantos esportes, o que falar daquele que é, para muitos, ainda desconhecido? Falar de gestão, sim, uma ótima ideia, pois temos poucos dirigentes no nosso meio. A maior prova disso é que poucos abnegados acumulam muitas funções. Uns trabalham pela regra que praticam, outros pensam mais além, tentando que o esporte seja conhecido, antes de tudo, para depois tentar difundir a sua regra favorita. Então, veio à mente a pergunta: o que fizemos pelo futebol de mesa? E é a esse assunto que dedicarei este meu texto.
Meus primeiros contatos com o “jogo de botão” foram em 1962, jogando no chão de taco, nas mesas de jantar, nas calçadas, usando botões de casacos e camisas. Eu era o responsável pelas tabelas entre os meus amigos. Logo, a paixão por ser dirigente me acompanha desde então. Os anos se passaram, não vou entrar em detalhes, mas muita coisa aconteceu. Finalmente, em 1984, conheci o Club Athletico Paulistano, do professor De Franco. Antes disso, passei pela loja do Guilherme — na Rua dos Trilhos —, onde conheci diversos nomes que mais tarde se tornaram meus amigos, por exemplo, o próprio Guilherme, Della Torre, Muradian, Atienza, Tati, De Franco e tantos outros “experientes jogadores”. Nesta época também conheci diversos nomes de outros estados, como Sambaqui, Paulo Albuquer e tantos outros Brasil afora, que me reservo o direito de esquecer seus nomes, mas lembrar de todos com muito carinho. Remarco também outro não menos importante, o famoso Geraldo Decourt, que sempre afirmou: “eu não criei o futebol de mesa, fui um grande difusor”. Tal afirmação explica-se, devido a ser um artista e viajar muito pelo país e exterior; sempre levava seus botões, chegando a escrever, aí sim, as primeiras regras das quais se tem notícia.
Tivemos áureos tempos das tampas, os primórdios do acrílico, os famosos Brianezi do senhor Paulo, os botões do Luiz da galeria 24 de maio. Obviamente estou me referindo, principalmente, aos ícones da 12 Toques e adjacências. Começamos também a ter contato com o pessoal do sul, por meio do bazar Mimo, com os amigos do Nordeste, por intermédio do saudoso Abiud, com o pessoal do estado do Amazonas, tendo como interlocutor o folclórico amigo Jeferson, com o pessoal da Bahia, graças ao presidente da Confederação Brasileira de Futebol de Mesa (CBFM), o saudoso Jomar Moura. Não se pode deixar de citar a galera animada do Rio de Janeiro: Marcelo Coutinho, Marcelo Lages, Robson Marfa, Claudio Pinho e tantos outros. Em Santa Catarina, com o amigo Castelli, e vou parar por aqui, pois são tantos que eu preencheria páginas e mais páginas, e que me perdoem os não citados. Não se pode deixar de lembrar que o primeiro veículo de comunicação do esporte, Brasil afora, foi o site “Futebol de Mesa News”, responsável pela integração entre os praticantes e as primeiras entidades que faziam a gestão do esporte. Estes foram os primórdios do que hoje chamamos de CBFM, a responsável pelo futebol de mesa no Brasil.
Pela oportunidade de ter conhecido tantas pessoas e pelas experiências acumuladas com esses convívios, tive a oportunidade de, em 2007, chegar à presidência da entidade, a princípio, sem maiores ambições. Neste momento, tive uma parceria com um grande batalhador — Robson Marfa —, com quem divido a gestão do esporte no Brasil. Na última eleição, fui escolhido com a unanimidade de votos das 19 federações existentes no país. Hoje temos um contato muito estreito com a International Table Football Confederation (ITFC), a entidade que rege mundialmente as modalidades do futebol de emsa e que busca ainda caminhos para o crescimento e reconhecimento do esporte em todo o planeta. Nós também fazemos parte desta batalha, temos hoje o Mundo Botonista, um hub de conteúdo e de mídias sociais exclusivamente dedicado ao nosso esporte, que é uma grande realidade, prestes a iniciar sua nona temporada ininterrupta.
Há também outros canais comprometidos com as mais diversas regras, se empenhando muito para divulgação do Futebol de mesa ou Futebol de botões (como somos popularmente conhecidos). Esses canais permitem que muitas e muitas pessoas vejam nossos principais campeonatos. Infelizmente, o alcance ainda é pequeno diante do muito que estamos tentando fazer. E digo “estamos”, pois as federações estaduais, por intermédio dos seus presidentes e colaboradores, se empenham muito para esta gestão. Somos uma equipe, falo isso com muita alegria e realização.
Estamos primando pelo cuidado com as atitudes pessoais, agindo com firmeza para que nada desande e consigamos seguir sempre em frente rumo à “profissionalização”. Temos atletas maravilhosos em todas as regras jogadas, autênticos artistas que, com a palheta na mão, fazem coisas indescritíveis. O esporte precisa e muito de todos, para que possamos crescer e “ser”, há muito ainda para fazer.
O esporte precisa que todos colaborem um pouco e muito, com paciência e resiliência, trazendo os jovens a conhecer nossas regras diversas, nas quais um avôs jogam com netinhos, irmãos e irmãs podem competir sempre, homens, mulheres, pessoas com necessidades especiais, todos ocupam o mesmo espaço em igualdade de condições, mesmo havendo tantas diferenças. Este é um chamado a todos, por sua consciência e conscientização. Precisamos de vozes, precisamos de sua ajuda. Vamos fazer o esporte ficar maior e ocupar o lugar que lhe é de direito. Obrigado a todos pela ajuda de sempre e conto com vocês para crescer e acontecer. Obrigado, meus amigos. Viva o Futebol de Botão!
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José Jorge Farah Neto, gestor desportivo e jornalista, nasceu em São Paulo, capital, presidente da CBFM (desde 2020) e da FPFM (desde 2018), anteriormente ocupou a cadeira da presidência da Federação Paulista de 2007 a 2014. Autor do "Almanaque do Futebol Paulista" de 2000 a 2014, o historiador do futebol de mesa José Farah tem inúmeras contribuições ao botonismo nacional e, dentro da plataforma Mundo Botonista, escreve sobre gestão esportiva e sobre os bastidores das instâncias que comandam o esporte no Brasil.
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