Painel do Mundo
Por Alysson Cardinali (22/05/2025)
Mente sã e corpo são: o segredo para vencer

Mens sana in corpore sano. A famosa frase, cunhada pelo poeta romano Juvenal, no século I d.C., nunca esteve tão em evidência no esporte. Além do zelo com a parte física, estar com a saúde mental em dia tem ligação direta com o rendimento, o desempenho e a obtenção de bons resultados. No futebol de mesa não é diferente. Afinal, o turbilhão de emoções – físicas e emocionais – vivido a cada 14 minutos de palhetadas é intenso. Além de bom condicionamento atlético, é imprescindível ter autocontrole nos momentos mais decisivos, imprevisíveis e estressantes de uma partida.
Pode até parecer besteira ou exagero, mas que atire o primeiro dadinho quem nunca sofreu por antecipação com o receio de perder aquele jogo equilibrado de semifinal. Ou de errar a jogada na qual, durante o aquecimento, de dez entre dez tentativas, é gol certo. Como diria o filósofo do futebol Neném Prancha, treino é treino e jogo é jogo. Na hora do vamos ver, o coração palpita, as mãos tremem e o cidadão, suando frio, vê a vitória escapar por não estar com o psicológico a todo vapor.
Não sei se podemos definir tal momento como a famosa ‘amarelada’, mas é fato que o ‘friozinho na barriga’ afeta até os craques. Que o digam a ginasta Simone Biles, o nadador Michael Phelps e o técnico Tite, que precisaram interromper suas vitoriosas carreiras para cuidar da cuca. A pressão por resultados, muitas vezes, é o primeiro e principal adversário de botonistas talentosos, mas que deixam a ansiedade e alguns fantasmas os dominarem.
A questão mental é tão importante quanto a questão técnica ou o domínio das ações a cada jogada. A confiança (ou a falta dela) influencia amplamente na obtenção de resultados satisfatórios. Além de esmero para se chegar ao gol, é fundamental saber se controlar e reagir rapidamente às adversidades subliminares em cada partida. É o famoso ‘cabeça fria, coração quente’, expressão que ficou famosa no vitorioso Palmeiras do técnico Abel Ferreira.
Na cartilha alviverde, significa controlar as emoções, com calma e concentração, para tomar decisões estratégicas de forma racional e manter não só a intensidade, mas a paixão pelo jogo. Concordo que, na teoria, pode parecer fácil. Mas, inegavelmente, o alto nível de desempenho nas competições e a busca por títulos começa com uma boa dose de inteligência emocional – além de conseguir deixar de lado as preocupações cotidianas com as contas a pagar, a discussão com a patroa, a nota vermelha do filho no colégio...
Saber lidar com o abismo entre a glória e a frustração também exige treinamento, como controlar a ansiedade, não se deixar abalar pelos erros, aliar precisão, estratégia e foco, não se desesperar diante das adversidades e se adaptar às imprevisibilidades na mesa. Pouco importa se como herói ou vilão. O negócio é seguir em frente, com segurança, controle e ousadia. Saber a hora de treinar também é importante. Nada de exageros. Se cobrar demais também não é um bom predicado.
Aliado a isso, ter hábitos saudáveis como boa alimentação e atividade física ajudam. Sono de qualidade, relacionamentos saudáveis e práticas de relaxamento (meditação ou ioga) podem ser bons aliados. Não se achar o pior jogador do mudo porque perdeu para um ‘perna de pau’ é fundamental. E não se esqueça: do outro lado da mesa também há um ser humano, com as mesmas perspectivas, os mesmos anseios e a mesma vontade de vencer. O diferencial pode estar na confiança em si mesmo.
Inteligência, força, coragem, paciência, audácia, ousadia, resiliência... Nas mesas, não enfrentamos um adversário. Na verdade, nos vemos em um espelho. E, assim, tentamos superar a nós mesmos. Então, ataque sem medo. Defenda sem dó. Mas sempre respeite o adversário que está diante de você, que vive dentro de você. Resista, insista. Persistente e ininterruptamente. Supere as barreiras! Surpreenda-se! Em cada partida. Encontre na adversidade o real valor da vitória. E não se esqueça:: mens sana in corpore sano!
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Nascido em Nova Friburgo (RJ) em 1971, mas morando há mais de 30 anos na cidade do Rio de Janeiro, o jornalista esportivo Alysson Cardinali, com passagens pelos jornais O Fluminense, Jornal dos Sports, O Dia e Expresso (Infoglobo), revistas Placar e Invicto, além do canal SporTV, é um apaixonado não só pela profissão, mas pelo futebol de botão. Praticante da modalidade dadinho, Alysson é atleta federado, pelo São Cristóvão Futebol e Regatas, na Federação de Futebol de Mesa do Rio de Janeiro (Fefumerj) e, além de disputar as competições oficiais pelo Brasil, pretende divulgar o esporte e angariar cada vez mais praticantes para perpetuar o futebol de botão entre as futuras gerações.
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